"Me busco em músicas que dão ritmo ao que sinto de forma silenciosa e me busco em trechos de livros que revelam ideias que mantenho ainda embaralhadas. (...)
Me busco quando me aquieto pra escutar meus pensamentos, que não são retos, certos, fáceis, e sim espasmódicos, contraditórios, provocativos, ora estão ao meu favor, ora estão contra, e por isso me desencontro.
Então escrevo, me busco em frases feitas e frases inventadas, colocando uma palavra atrás da outra na tentativa de construir uma lógica, um atalho, uma emoção que eu consiga sustentar e repartir, e depois fecho o computador me busco no sono, nos sonhos, no inconsciente, do meu lado noturno, sombrio, quando perco a coragem e tudo me amedronta, a começar pelo fato de que o dia terminou e a busca não se encerrou, nem irá, porque esse tipo de busca não se encerra."
[Martha Medeiros in Coisas da vida]
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