quinta-feira, 23 de março de 2017

Voce ja ouviu o silencio?





      Você parou em algum momento de sua vida para observar o oceano?
 Em sua superfície ele é repleto de ondas, cheio de movimentos de vai e vem, como se uma batalha acontecesse a cada instante. Mas, lá no fundo, ele é silencioso, calmo, profundo…
  E como os oceanos, assim é a nossa vida. Se estamos identificados com a superfície, nos defrontamos com inúmeras lutas, perturbações, mas se nos aquietarmos e conseguirmos nos conectar com o nosso âmago, tudo ficará calmo, perfeito, enfim, estaremos relaxados no nosso próprio ser.
  Ao descobrirmos esse caminho para o nosso interior a vida fica mais fácil, é como descer para dentro de nós mesmos. Se não  conhecermos essa trilha acabaremos por nos manter na superfície, temendo a escuridão que possa existir nas profundezas. Porém, quando ousamos nos desprender da superfície e mergulhamos dentro de nós,  descobriremos que o que parece um abismo, é o nosso próprio centro. Um lugar no qual poderemos mergulhar a qualquer momento e retornar, porém, nunca mais seremos os mesmos.
  Para conseguirmos esse mergulho dentro de nós, o primeiro passo é desapegar, é deixar de reter acreditando que iremos perder. O que ocorre é exatamente o contrário. Ao desapegar das coisas que estão na superfície iremos descobrir um novo centro, e no silêncio desse centro escutaremos a música do Universo.

Rubem Alves, com sua sensibilidade, escreveu sobre isso:
“Não basta o silêncio de fora. É preciso o silêncio dentro. Ausência de pensamentos.
E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.
Eu comecei a ouvir.
Fernando Pessoa conhecia a experiência…
E, se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras.. No lugar onde não há palavras. A música acontece no silêncio.
A alma é uma catedral submersa.
No fundo do mar – quem faz mergulho sabe – a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos.
Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia…
Que de tão linda nos faz chorar.
Para mim, Deus é isto: A beleza que se ouve no silêncio.
Daí a importância de saber ouvir os outros: A beleza mora lá também.
Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.”