segunda-feira, 7 de maio de 2012

Silêncios e Palavras ..


Depois de uma conversa com amigos, comecei a refletir sobre como as palavras pronunciadas (mesmo com boa intenção) podem ferir e magoar…
Ai lembrei-me de uma frase : “ As palavras são de prata… O silêncio é ouro…”
E todos nós temos muito o que aprender sobre o ‘falar’  e o ‘calar’…
É preciso avaliar, sem pressa, se o que nós temos a dizer agrega (ou não)  valor na vida da pessoa…
É preciso entender a necessidade e os sentimentos do outro antes de verbalizar nossas impressões…
É preciso entender que as “verdades” são diferentes para cada um, e que cada pessoa carrega, dentro de si, suas potencialidades e limitações.
O texto abaixo, do Padre Fábio de Melo, nos auxilia a refletir sobre isso…
Boa leitura!
“Na palavra, a comunicação se realiza. 
No silêncio, ela se completa, pois a compreensão se concretiza a partir do silêncio. 
Há poder em ambos e a sabedoria é usar bem esses dois tempos da comunicação.
Dentro de uma composição as pausas são tão importantes quanto os sons. 
Uma boa orquestra é aquela que executa bem as dinâmicas das pausas e das continuidades. 
Mesmo no silêncio da pausa a canção continua.
Não diga as coisas com pressa. 
Mais vale um silêncio certo, que uma palavra errada. 
O poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade recomendava aos poetas:
“Convive com os teus poemas antes de escrevê-los. Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um se realize e consuma com seu poder de palavra e seu poder de silêncio.”
A recomendação do poeta é sábia e pertinente. Um poema só é bem, só é bom, se maturado na sementeira do silêncio. Antes de se tornar palavra, a poesia é experiência de vida silenciosa. Os artistas sabem disso, e nós precisamos aprender.
Demora naquilo que você precisa dizer. 
Livre-se da pressa de querer dar ordens ao mundo. 
É mais fácil a gente se arrepender de uma palavra dita, do que de um silêncio. 
Palavra errada na hora errada pode se transformar em ferida naquele que ouviu, também naquele que disse.
Há muitos momentos da vida em que o silêncio é a resposta mais sábia que nós podemos dar a alguém. Na pressa de falar, corremos o risco de dizer o que não queremos, e diante de tudo que foi dito, nem sempre temos a possibilidade de consertar o erro.
Palavras erradas costumam machucar para resto da vida, já o silêncio certo, esses possuem o dom de consertar. 
Por isso, prepara bem a palavra que será dita. 
Palavras apressadas não combinam com sabedoria. Os sábios sempre preferem o silêncio. E nos seus poucos dizeres está condensada uma fonte inesgotável de sabedoria.
Não caia na tentação do discurso banal, da explicação simplória. 
Queira a profundidade da fala que nos pede calma. Calma para dizer. Calma para ouvir.
Uma regra interessante para que tenhamos uma boa compreensão de um texto, é justamente a calma. 
Só assim podemos adentrar nos significados que o autor quis sugerir e conseqüentemente mergulhar no mistério do seu texto. Leituras apressadas podem fomentar equívocos, e equívoco é uma espécie de desentendimento entre o que escreve e aquele que lê. É uma forma de obstáculo para a compreensão da linguagem.
Na comunicação verbal cotidiana, isso sempre acontece. Dizemos e não somos compreendidos. 
Diante do impasse duas realidades são possíveis: ou alguém disse com pressa, ou alguém escutou sem atenção.
Dizer e ouvir requerem silêncio. 
Só diz bem, aquele que pensou antes no que iria dizer, e ouve melhor aquele que se calou para escutar. 
A regra é simples, mas exigente.
Por isso hoje, nesse tempo de palavras muitas, queiramos a beleza dos silêncios poucos.”

Claudia Michepud Rizzo

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